Neste domingo acordei cedo para participar de uma corrida de rua diferente. Os atletas estavam lá, fazendo aquecimento, assim como as pessoas como eu, que ocasionalmente gostam de participar. Só que haviam também pessoas que não costumamos ver nestas corridas, não em tamanha quantidade. Pessoas com síndrome de down, paralisia cerebral, cegos, paralíticos e por aí vai. Esta corrida tinha um propósito muito especial: incentivar a inclusão social através do esporte, mas isso é só o início.
Trabalhando a inclusão social
O Instituto Olga foi criado há 16 anos para promover a inclusão através do esporte e da cultura. Depois de anos de atividades, as pessoas assistidas, integradas na propósito do instituto, começaram a pedir por mais, queriam também participar do ambiente de trabalho. Queriam mostrar que eram capazes trabalhar como todos nós e dar sua contribuição na sociedade.
Foi assim que tive contato com o presidente do Instituto, Wolf Kos e sua esposa Olga. Eles queriam abrir caminho nas organizações para que essas pessoas pudessem realmente trabalhar e não apenas constar em um quadro de funcionários e cumprir alguma regra de compliance. Parece incrível, mas tem empresa que é capaz de pagar um salário para um pcd constar de sua folha, mas dispensá-lo de qualquer trabalho real.
Escala Cidadã Olga Kos
Foi assim que o Instituto, em uma parceria com o Inmetro, criou a primeira métrica de inclusão social no Brasil. A Escala Cidadã Olga Kos mede o grau de maturidade das empresas neste tema, através de uma auditoria independente por uma certificadora acreditada. Com isso, há confiança que a inclusão é verdadeira e não uma social washing qualquer.
Vendo a corrida, a alegria daqueles atletas diferentes, que vencem toda sorte de dificuldades para realizar seus sonhos, fiquei pensando como a questão está invertida. Costumamos pensar que nós que ajudamos eles, que quem ganha na integração são eles, como se fossem de alguma forma inferiores aos “normais”. Será? Basta ver de perto para perceber que eles possuem qualidades em níveis que nem sonhamos de perseverança, foco, dedicação, superação e até mesmo de alegria. Sim, acho impressionante a alegria que vejo no rosto deles a cada evento de inclusão que participo.
O quanto não reclamamos de barriga cheia? Nos deixamos levar pela preguiça, arranjamos desculpas para não fazer o que sabemos que devemos, não aproveitamos como deveríamos os dons que recebemos ao nascer. Se temos membros, incluindo o cérebro, em perfeitas condições, por que não os usamos como poderíamos? Olhemos a nossa volta, tem gente que não teve nada disso! Por que reclamamos tanto?
Talvez um dos melhores ensinamentos que podemos receber das pessoas com deficiência é entender nossas limitações e aprender que podemos ser muito mais do que somos.
Qualidade para nosso futuro
A inclusão social traz qualidade para o nosso futuro porque nos ensina a viver melhor e com mais responsabilidade. Para isso precisamos conviver, compartilhar e crescer juntos. Esta é a verdadeira fraternidade, o que nos falta neste mundo muitas vezes tão cruel.
É isso que iniciativas como a do Instituto Olga s nos convida a refletir. Afinal, quem precisa realmente de ajuda?