Ter uma liderança aberta é assumir riscos, pois necessariamente estaremos abrindo mão do controle. Por isso, é fundamental confiar. Ser um líder aberto implica que vamos confiar nas pessoas o suficiente para que elas possam tomar decisões em nome da organização. É preciso entender que não se trata de um modelo que sirva para todos, é preciso analisar bem que tipo de organização lideramos para avaliar a conveniência de uma maior ou menos abertura. Por vezes a mesma organização deve conviver com espaços mais abertos e outros mais fechados. Não existem respostas padrão; muito vai da experiência e até a disposição para testar.
Um líder aberto deve entender que vai precisar confiar nas pessoas que trabalham com ele, especialmente diretamente. Seu principal papel talvez seja trabalhar a visão e comunicá-la adequadamente. Outro papel fundamental é a própria montagem da equipe. O restante, fica com as próprias pessoas que escolheu para dirigirem a organização.
Nem tudo sairá como imagina, talvez grande parte seja assim. O que não significa que seja pior, muito pelo contrário. O líder está confiando que o grupo que montou terá condições de tomar melhores decisões e conduzirem processos melhor do que ele faria. Um dos motivos é que terão mais tempo para se dedicar ao problema específico, pois estará mais próximo dele. Quando trabalhamos uma estrutura de controle tradicional, o líder precisa interagir o tempo todo com os problemas e tomar a maioria das decisões, inclusive as mais difíceis, tendo pouco tempo e informações parciais porque os problemas fazem fila em sua porta. Na liderança aberta, ele abre mão deste controle e confia que as pessoas que escolheu terão melhores condições de avaliação.
A liderança aberta aproxima mais o processo decisório do “chão de fábrica”. Acredito que os benefícios deste modelo superam os riscos que o líder está assumindo. A responsabilidade com a condução da organização continua com ele e o fracasso institucional será seu fracasso. Em princípio, é sua pele que está em jogo. No entanto, o líder reconhece que no ambiente complexo que vivemos, com uma quantidade de informações jamais sonhada para subisidar uma decisão, talvez seja o único caminho em boa parte dos casos.
O grande obstáculo para implementar uma liderança aberta em uma organização é resistir ao impulso de tentar fazer tudo, de executar as tarefas. É o problema dos líderes centralizadores. Mesmo quando delegam, eles costumam colocar tanto controle no processo que no fundo é como se estivesse fazendo. Tem que saber dosar os feedbacks, não precisar ficar o tempo todo convocando reunião para ver cada detalhe do que está sendo feito. Um líder aberto confia porque sabe o potencial da sua equipe, mesmo que aumente o seu risco. Se não confia no seu time, não há como trabalhar este tipo de liderança.