Normalização: o centro do sistema de infraestrutura da qualidade

No início do século XX a operação portuária era complexa e pouco eficiente. Levava-se muito tempo para se colocar as cargas nos navios, buscando-se aproveitar da melhor maneira possível os espaços, da mesma forma como arrumamos um porta-malas em nosso carro para uma viagem.

Foi neste contexto que surgiu uma invenção extraordinariamente simples que revolucionou a indústria: o container. Tratava-se de uma caixa metálica que dividia o problema de ajeitar o navio em ajeitar o container. Mas não foi exatamente isso que revolucionou a atividade portuária; o grande fator foi a padronização dos containers. Com o mesmo tamanha no mundo inteiro, os fabricantes criaram as máquinas, os portos ajustaram sua operação, os navios passaram a levar em conta estas dimensões nos projetos, etc.

Ou seja, a normalização de um único item teve um efeito poderoso de aumentar a efetividade, reduzir os custos de logística, barateando produtos, e possibilitar o desenvolvimento de toda uma indústria.

A normalização é uma das ferramentas da Infraestrutura da Qualidade que permitem as empresas investirem e se tornarem mais competitivas, ajustando a percepção dos compradores ao que esperar de um produto.

Utiliza-se de requisitos de segurança e desempenho para estabelecer padrões tanto do produto quanto de suas condições de teste, um fator importante para que este possa ter sua qualidade comunicada adequadamente. A normalização é feita a partir da busca de consenso na sociedade, nos fóruns de normalização. É o que garante que uma indústria não tenha que fabricar seus próprios parafusos e que não tenhamos que levar uma régua para medir o que compramos.

Se a metrologia está na base do sistema de infraestrutura da qualidade, pode-se dizer que a normalização está no centro, pois são as normas técnicas que estabelecem os padrões que serão utilizados nos laboratórios, certificadoras, provedores de serviço e acreditação. Sem a padronização, o comércio seria muito mais difícil e caro.

Da mesma forma como a normalização dos containers revolucionou a logística global, seu impacto está por toda a parte, desde os trabalhos acadêmicos, até a fabricação do papel, configuração dos teclados, padrões de comunicação e por aí vai, numa lista quase infinita. Sem a normalização nem teríamos como falar em cadeia de valor ou ganho de escala. O mundo seria muito mais difícil do que é hoje.