É possível a mudança de cultura em uma organização?
Jay Barney, professor da Universidade de Utah e consultor de empresas achava que não. No fim, como dizem, a cultura engole a estratégia no café da manhã. O grande problema é o alinhamento da estratégia com a cultura, explica ele. Assim, como a estratégia é móvel, e depende dos cenários, muitas vezes ficará em desalinhamento com a cultura. Desta forma, se a cultura não pode mudar e a estratégia tem que ficar fixa, como lidar com os novos desafios?
Foi quando Barney conheceu Manoel Amorim, ex-CEO da Telefônica no Brasil. Ele conduziu a empresa após a privatização e liderou um processo bem sucedido de mudança de cultura. A partir dessa experiência, os dois se reuniram para escrever um livro sobre o tema.
Na pesquisa do livro, entrevistaram 60 CEO que lideraram processos bem sucedidos de mudança cultural, com o intuito de identificar os fundamentos comuns destes processos, chegando ao que denominaram o Segredo da Mudança de Cultura nas organizações.
Juntamente com Carlos Júlio, também co-autor do livro, apresentaram estas idéias em uma palestra ontem no Insper, que tive a oportunidade de assistir. O resultado foi uma daquelas apresentações provocativas, que prendem a atenção e nos trazem muitos insights.
Em resumo, o segredo que descobriram é construir estórias. Eles perceberam que a cultura, em grande medida, são as estórias compartilhadas nas organizações. Ou seja, são aquelas que se conta na hora do cafezinho. Para mudar a cultura é preciso mudar estas estórias e para isso devem ser construídas as novas estórias que se alinham com a cultura que se quer introduzir.
Não se trata de storytelling, mas de construção de estórias. E para isso, os CEO tem papel fundamental. Só o líder de uma organização pode chefiar um processo de construção de novas estórias, que necessariamente vão se chocar com a cultura existente e gerar desconforto.
Sai do evento animado, com muitos pontos para refletir. Eles concluíram que sim, é possível a mudança de cultura, mas isso exige construir novas estórias.Assim, a grande questão que fica para os líderes de hoje é: como construir estas estórias?
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